Poesia e Veneno

Poesia sem regras


quinta-feira, 4 de novembro de 2010


Eu queria me chamar Francisco


Não sei como era o mundo em que nasci
nem sei quanto custava nascer
em oitenta e quatro eu era mais um novato
que vinha ao mundo como um boato
Ali na maca mais uma Maria
do lado mais um João
era o momento em que nascia mais um, menos um com o mesmo refrão.
Papai queria me chamar Francisco
seu avo se chamava assim
mamãe não gostou do nome
não quer que chame "Chiquinho"
-Porque não chamar Pedro?
tão fácil, tão bonito.
Papai não queria. - tão fácil, tão quão.
melhor se chamar Fernando
malandro,esperto, filho nordestino andando sem destino,
meio que sorrindo, meio que cretino...
Confesso que chamar Francisco era legal, me cheirava revolução.
"feita pelo Chicão cabra da peste, filho do cão"
do chicote, do violão, do universo paralelo, movimento sindical, do samba mal feito no fundo do quintal a melhor musica do mundo na avenida principal.
Da revolução ao anonimato de vir ao mundo como um boato,
do olho por olho , dente por dente
sem muitos danos sobrevivente.
Pois então foi Fernando que prevaleceu, mamãe teimou, mas papai convenceu.
Mas eu queria me chamar Francisco...
mente brilhante, "bichu du matu", inteligência, liderança, a boa musica, a hierarquia, a boa vida o passado glorioso...
quer mesmo saber...
Monotonia se chamar Francisco e nascer com o destino pronto
Vou mesmo me chamar Fernando,
sem muita grana, sem muita fama, deitando e rolando por baixo dos panos, meio fora do tempo, talvez fora do prumo com o destino a ser feito sem o peso do nome...
eu queria me chamar Fernando

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