Poesia e Veneno

Poesia sem regras


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

JESUS CRISTO SOBE O MORRO

Cidadão do mundo
Personalidade cinematográfica
Veio ao mundo como salvador
E de repente se depara
Com o sofrimento sacro
Do povo da favela.
Na quinta feira mais santa
O tão falado salvador
Na cidade maravilhosa
Vem conferir vida penosa
Daqueles que moram na encosta
Do perigo anunciado
Por rajadas de fuzil
No calvário chamado Brasil
É até de duvidar
Só de ouvir falar
Que tanta desgraça
Aconteça por la
A santa comitiva
Faz se então a anunciar
Pois como grande é a violência
São sete os carros a escoltar
Na zona norte maravilhosa
Não tão quanto mal cheirosa
O caus anda a motor
Ou quase que anda
E na quinta feira chegou
E do alto do mirador
Hotel de luxo
Frente pro mar
Observa tudo aquilo que não viu criar
Nem tão pouco pode desfrutar
Só conhecia o Rio de televisão e de ouvir falar
Nunca antes havia estado naquele tipo de lugar
Protagonista da história
Pois então a descansar
Pra sexta feira santa
Pela enésima vez a mesma história contar
A sexta feira chegou
Como se anunciou na rocinha
A multidão de prontidão
Pra acompanhar a procissão
A emoção não se contia
O cenário tava pronto
Entre becos e vielas
Os soldados não eram romanos
Mas guardiões da própria favela
Os atores todos apostos
Caifaz, o bom ladrão...
Jesus também estava
E esperava por um rojão
Tiro pro alto a festa vai começar
Nem um piu, ninguém fala nada
Olhos atentos a esperar...
De repente adentra o morro
Cinco viaturas da policia
Os traficantes tomam seus postos
Como sempre com muita perícia
No meio do tiroteio
Bala de la, bala de ca
Todos se abaixam e se protegem
Mas Jesus continua por la
Ele que nada sabe daquele lugar
Fica no fogo cruzado
Sem saber o que fazer
Um corajoso morador
Tenta salvar o salvador
E põem se o santo homem pelo braço a puxar
Jesus ao perceber que uma bala iria acertar
Aquele pobre morador
Põem seu corpo a encontrar...
Tão grande era a confusão
E a calamidade naquele lugar
que ninguém pode perceber
quando os joelhos foram ao chão
e ali ficou mais um corpo estirado no chão
era Jesus, José talvez João
um cidadão comum que
trocou sua vida
pela vida de um irmão
Jesus não foi crucificado
Nem sofreu muitos maltratos
Pilatos não lavou as mãos
E o bom ladrão não pediu perdão
Dona Maria curandeira da favela
Com o corpo nas mãos
Vivia agora a sena mais bonita da dramatização
Sob os jornais, só mais um corpo
Com esse corpo uma lição
Dada por Jesus ou João
Por quem trocou sua vida pela de um irmão
No domingo de manhã
Todos de prontidão
Até mesmo o menos crente
Esperava por uma ressurreição
Mas não foi desta vez
Não veio Jesus não veio João
E á vida no morro continuou
E daquela cena só ficou a lembrança
Do dia em que Jesus cristo subiu o morro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário